sábado, 11 de setembro de 2010

O silêncio de VF sobre a Plataforma Democrática

Adenda: sobre o caso político do deputado Vítor Freitas, de que resultou a sua actual situação e a situação pessoal indevida do Dr. Jaime Leandro, estranho o silêncio do blogue Pravda Ilhéu, Política Pura e Dura, e vários outros blogues, que representam outras tantas correntes de opinião. Terão virado blogues do sistema?




Reparei que, sobre as críticas públicas de VF à direcção do PS e ao seu Presidente, nada foi dito, embora tenham sido anotadas as minhas eventuais críticas aos outros partidos da oposição. Percebo, visto estarmos no processo de formação e o especial cuidado que isso envolve. Mas o mesmo cuidado devia merecer por quem quis ser líder do PS. Depois, quanto pergunto sobre o silêncio de VF acerca da Plataforma, nenhum de nós tem procuração, contudo, tendo subscrito a mesmo moção que tem um determinado subscritor, e não sendo nenhum de nós procurador do primeiro subscritor, pergunto, na medida em que sou acérrimo apoiante do projecto que pode colocar em causa o regime, se o candidado que eu apoiei, caso tivesse ganho, não estaria disponível para um movimento deste. A minha resposta é não: ou seja, julgo que Vítor Freitas não desencadearia o movimento democrático a que estamos a assistir. (Os outros que são anotados como não tendo falado, nem têm um blogue onde eu possa fazer isso, ver as críticas, embora o pudessem fazer de outra forma, mas também é verdade que não têm lançado críticas públicas, o que me parece ser significativo). Mas há outros silêncios que me incomodam. Por exemplo, verificar, como já alguém disse, o silêncio de outros apoiantes do VF sobre a situação pessoal que decorre de mais um caso do regime. Ninguém fala de duas situações pessoais, aliás, que decorrem dessa prepotência do regime: a de VF, de prejuízo, a de JL, de benefício. (E não estou aqui para entrar no jogo do regime, como alguns fizeram com as intrigas da lei eleitoral, já muito bem esclarecidas pelo PS). O que digo é que sobre estas palavras de VF - EU NUNCA, EM MOMENTO ALGUM, IREI SUBSTITUIR QUEM ESTÁ ATRÁS DE MIM MUMA LISTA, SÓ POSSO À LUZ DA LEI E DOS PRINCIPIOS SUBSTITUIR UM DEPUTADO QUE ESTEJA À MINHA FRENTE, DO 1º AO 7º! - ninguém nada diga. Isto é, vou ser muito claro, porque não pactuo com injustiças: foi cometida uma prepotência sobre VF pelo regime, violando a lei (e o regime, nesta questão, ou resolve ou se cala) e há quem tenha sido beneciado com isso. VF diz que nunca o faria, isto é, diz que não procederia da mesma forma que o seu colega está a proceder. Sobre isto, um estranho pacto de silêncio dos apoiantes de VF. Por que se calam? De facto, mais do que a prepotência dos injustos, incomodam o silêncio dos justos. Não compreendo nem aceito o silêncio perante a situação pessoal de duas pessoas que resultou de uma má aplicação da Lei. Marcar a bola com a mão é uma irregularidade que não deve ser aceite.
Mas daqui resulta outra questão. Se o silêncio de VF sobre a Plataforma Democrática pode ser entendido como discordância estratégica pode também ser entendido por uma questão pessoal, ou seja, o referido Deputado não apoiaria a Plataforma em resultado da sua situação pessoal e política. Ora, isso é uma incoerência e um erro. Na verdade, essa situação, antes de ser pessoal, resulta da situação política em que vivemos - daí o regime não ter o direito de se pronunciar sobre a situação pessoal do Deputado Vítor Freitas ou do Dr. Jaime Leandro. Ora, os casos políticos que este regime cria, como o de VF, de JMC, os achincalhamento no processo dos vices da Oposição em todas as situações, em todas as vezes, não apenas agora, só se resolvem mudando o regime. Daí o erro e a contradição de VF: se ele não dá o seu apoio à Plataforma antes de ver o seu caso resolvido, e se disso dependesse o sucesso do projecto, então ele nunca o terá resolvido, visto que, sendo o seu caso entre tantos o resultado da natureza do regime, não se salva ele nem se salva a democracia, sem que o regime caia. E lembrei-me de Ortega y Gasset: o homem é ele e a sua circunstância e não se salva a ele se não a salva a ela. O homem é o deputado VF, a circunstância é o regime e a democracia. Vítor não se salva, se não se salvar a Democracia. Daí, volto a perguntar, já não a ti mas a todos os apoiantes de VF à liderança do PS, militantes ou independentes: se a Plataforma Democrática é um processo democrático contra o regime, não vos incomoda o silêncio do candidato que vós apoiastes? Reconheço que estarei a dar muita importância à questão, afinal o umbigo de ninguém não é o umbigo do mundo. Mas que, neste momento, VF está a colocar o seu interesse pessoal acima do interesse da Democracia na Madeira está. Quanto deveria, exactamente por causa do seu caso, que antes de ser pessoal é político, colocar acima o interesse na Democracia, para que não se sirva o regime que o prejudicou. Daí a sua radical contradição. Renovo, pois, a minha solidariedade política e pessoal (ele está a ser prejudicado por uma decisão política e por uma atitude pessoal de quem beneficia indevidamente com ela), e critico a sua crítica sistemática ao PS e à sua actual direcção, no momento em que ela quer contribuir para que, no Futuro, nenhum caso possa acontecer. Em Democracia.

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