quarta-feira, 11 de novembro de 2009

A credibilidade não se apregoa - consquista-se


Quando a candidatura de Vítor Freitas defendeu que era necessário uma ruptura logo houve quem se interrogasse sobre a viabilidade do lema, alegando que também ele fizera parte das direcções anteriores. Raciocínio baseado em duas premissas erradas: que a ruptura tinha a ver com pessoas e não com métodos, como se as rupturas implicassem necessariamente purgas estalinistas, ou, noutra versão, o uso da bomba de neutrões que elimina as pessoas e mantém instalações; ou então que a questão era interna. Enfim, é do género daqueles indivíduos que, quando se aponta para a Lua olham para o dedo que aponta em vez de olhar para o astro que se desvenda no espaço. Começou a altura de começarem a perceber qual é a ruptura, a ruptura nas soluções que, nem por acaso, não são de questões internas mais bem mais vastas e pretendem tranformar o PS numa instituição indispensável na procura de soluções. A proposta que o Diário publica hoje sobre o Quadro Financeiro é uma resposta às dúvidas. E, além disso, resolve outra questão - a da tão apregoada credibilidade. Na verdade, a ideia de que para ter credibilidade basta apregoá-la não colhe. A credibilidade consquista-se com propostas que resolvam questões. Isto é, credibilidade é o substantivo abstracto para o verbo crer. Isto significa que para acreditar, para crer, para conceder credibilidade a algo ou alguém é preciso que daí partam ideias, propostas, soluções, visões estratégicas que possam enquadrar soluções para os problemas com que as populações se confrontam. A proposta do novo quadro financeiro é não só credível como assaz inovadora - ela, sim, concede credibilidade. Numa candidatura em que o candidato se recusa a falar lisboeta, como se diz em bom madeirense, e a manter o sotaque que lhe confere a marca, essa é uma garantia de que não teremos credibilidade no complexo dos que se dizendo tão autonomistas têm, afinal, vergonha do seu sotaque. Qualquer bom açoriano, e eu sou filho de um, sabe o que é ter orgulho em ser açoriano. Um bom sotaque é marca de um bom vinho; um sotaque disfarçado é vinho falsificado e, de quando em vez, a espuma dos sons vem ao de cima e a gente vê a fragilidade da personalidade. Um sotaque autêntico garante o carácter genuíno das coisas. Mas ele há sempre quem goste de falar à lisboeta. Seja. Mas cheira a vinho a martelo!

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