quarta-feira, 11 de agosto de 2010

A Obesidade Mental - Andrew Oitke

A Obesidade Mental - Andrew Oitke
Por João César das Neves - 26 de Fev 2010

O prof. Andrew Oitke publicou o seu polémico livro «Mental Obesity», que
revolucionou os campos da educação, jornalismo e relações sociais em geral.

Nessa obra, o catedrático de Antropologia em Harvard introduziu o
conceito em epígrafe para descrever o que considerava o pior problema da
sociedade moderna.
«Há apenas algumas décadas, a Humanidade tomou consciência dos perigos do
excesso de gordura física por uma alimentação desregrada.
Está na altura de se notar que os nossos abusos no campo da informação e
conhecimento estão a criar problemas tão ou mais sérios que esses.»
Segundo o autor, «a nossa sociedade está mais atafulhada de preconceitos
que de proteínas, mais intoxicada de lugares-comuns que de hidratos de
carbono.
As pessoas viciaram-se em estereótipos, juízos apressados, pensamentos
tacanhos, condenações precipitadas.
Todos têm opinião sobre tudo, mas não conhecem nada.
Os cozinheiros desta magna "fast food" intelectual são os jornalistas e
comentadores, os editores da informação e filósofos, os romancistas e
realizadores de cinema.
Os telejornais e telenovelas são os hamburgers do espírito, as revistas e
romances são os donuts da imaginação.»
O problema central está na família e na escola.
«Qualquer pai responsável sabe que os seus filhos ficarão doentes se
comerem apenas doces e chocolate.
Não se entende, então, como é que tantos educadores aceitam que a dieta
mental das crianças seja composta por desenhos animados, videojogos e
telenovelas.
Com uma «alimentação intelectual» tão carregada de adrenalina, romance,
violência e emoção, é normal que esses jovens nunca consigam depois uma
vida saudável e equilibrada.»
Um dos capítulos mais polémicos e contundentes da obra, intitulado "Os
Abutres", afirma:
«O jornalista alimenta-se hoje quase exclusivamente de cadáveres de
reputações, de detritos de escândalos, de restos mortais das realizações
humanas.
> > A imprensa deixou há muito de informar, para apenas seduzir, agredir e
> manipular.»
> > O texto descreve como os repórteres se desinteressam da realidade
> fervilhante, para se centrarem apenas no lado polémico e chocante.
> > «Só a parte morta e apodrecida da realidade é que chega aos jornais.»
> > Outros casos referidos criaram uma celeuma que perdura.
> > «O conhecimento das pessoas aumentou, mas é feito de banalidades.
> > Todos sabem que Kennedy foi assassinado, mas não sabem quem foi Kennedy.
>
> > Todos dizem que a Capela Sistina tem tecto, mas ninguém suspeita para que
> é que ela serve.
> > Todos acham que Saddam é mau e Mandella é bom, mas nem desconfiam porquê.
>
> > Todos conhecem que Pitágoras tem um teorema, mas ignoram o que é um
> cateto».
> > As conclusões do tratado, já clássico, são arrasadoras.
> > «Não admira que, no meio da prosperidade e abundância, as grandes
> realizações do espírito humano estejam em decadência.
> > A família é contestada, a tradição esquecida, a religião abandonada, a
> cultura banalizou-se, o folclore entrou em queda, a arte é fútil, paradoxal
> ou doentia.
> > Floresce a pornografia, o cabotinismo, a imitação, a sensaboria, o
> egoísmo.
> > Não se trata de uma decadência, uma «idade das trevas» ou o fim da
> civilização, como tantos apregoam.
> > É só uma questão de obesidade.
> > O homem moderno está adiposo no raciocínio, gostos e sentimentos.
> > O mundo não precisa de reformas, desenvolvimento, progressos.
> > Precisa sobretudo de dieta mental.»
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