quinta-feira, 27 de maio de 2010

Um farol enferrujado


Um farol enferrujado

Já nos vamos habituando: de vez em quando lá surge um novo tanque de ideias, a jurar que traz propostas novas e salvadoras para o país. E com uma espreitadela rápida à lista de subscritores sabemos logo ao que vêm: querem flexibilizar o mercado de trabalho e reduzir os impostos. Para eles, o facto de sermos um dos países com os menores níveis de habilitações da OCDE já não merece uma linha na lista de prioridades. O facto do investimento em inovação e formação por parte das empresas ser diminuto não é relevante. Para eles, as desigualdades sociais ou a racionalidade do ordenamento do território são variáveis que não entram na equação da competitividade do país. O que interessa é aumentar a pressão sobre os salários e as condições de trabalho e reduzir a 'carga' fiscal (há que evitar o termo 'obrigações fiscais' a todo o custo, não vá alguém achar que as obrigações são para todos), em particular a que incide sobre os lucros. Esta é a classe de empresários que sempre viveu à sombra do Estado, mas que passa a vida a morder a mão de quem a alimenta, exigindo que ele diminua a sua despesas... com os outros. É um farol enferrujado, não esperemos grande iluminação desta fonte.
Publicada por Ricardo Paes Mamede em 27.5.10

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