domingo, 30 de maio de 2010

Finalmente um comunista diz o que eu sempre queria ter ouvido


Estou a ouvir Rui Nepomuceno. E ouviu-o dizer desassombradamente: as liberdades sociais e culturais na União Soviética eram assinaláveis. Mas a falta de liberdades políticas era inaceitável. Aqueles que, diz ele, criticavam, iam para os gulags. É pena que já estejamos em 2010. Recordo-me perfeitamente o fascínio que Álvaro Cunhal exerceu em mim, então jovem com 18 anos em 1974. O seu brilhantismo, a promessa de uma sociedade igualitária, mas a falta de Liberdade foi a barreira que me impediu de dar o passo decisivo para aquele lado. Nunca consegui compreender como amigos meus se deixaram seduzir pelos ideais comunistas, do PCP e outros partidos da extrema-esquerda. Esse ideal de Liberdade foi o que me prendeu decisivamente ao Socialismo Democrático, Democrático, justamente para deixar claro que era incompatível com a falta da Liberdade. "Nem liberdade sem pão, nem pão sem liberdade", era o slogan que dizia num copo com o emblema do PS que então adquiri. "Nem capital nem ditaduras, nem monopólios nem torturas, a vitória de uma vontade, Socialismo em Liberdade", cantava-se nos comícios do PS. Ficou para mim e para sempre marcada a fronteira com o Partido Comunista: a fronteira da Liberdade.

Nenhum comentário: