quinta-feira, 1 de maio de 2008

COLIGAÇÃO INFORMAL EM GAULA BE/CDS?



Chegou-me há pouco uma informação que, embora de fonte normalmente bem informada, não me parece que seja politicamente sustentável: a de que uma candidatura dissidente em Gaula, protagonizada por um ex-candidato do PS à Junta de Freguesia contra o seu próprio partido, ou seja contra o PS, embora se apresentando como independente, será apoiada, na prática, quer pelo Bloco de Esquerda, quer pelo CDS. Ora isso parece-me politicamente insustentável porque, se isso poderia ter alguma consistência com a inclusão do PS, e embora reconhecendo o direito e a autonomia de cada um cometer as incoerências políticas que entender, a verdade é que a falta de coesão de um projecto desse jaez, mesmo com o rótulo de independente, com bases políticas entre si tão distanciadas do ponto de vista político, sem nenhuma força charneira entre elas, não só lhe retira consistência como reduz drasticamente o carácter da candidatura que, à partida, se apresentava como independente. Mas levanta outro problema não menos importantes e de alguma gravidade: toda a gente já percebeu que há um longo caminho a percorrer para viabilizar uma aliança eleitoral entre o Bloco e o PS para as autárquicas, que merece a simpatia de certos sectores do PS e do BE - eu próprio já aqui a defendi para o Funchal, além de Santa Cruz. Numa situação dessas, o apoio do Bloco a uma candidatura hostil ao PS, que é assim que deve ser considerada uma candidatura dessas, que, para mais, está a abrir o caminho à conquista da Junta de Gaula por parte do PSD, e ainda por cima, se essa inverosimilhança vier a acontecer, protagonizada por quem é o que foi, passe o solecismo e o paradoxo, graças ao PS - viria, nessas circunstâncias, dificultar o já de si difícil caminho que, eu espero, leva à aliança BE/PS.
Quanto aos candidatos autoproclamados independentes, a vir a verificar-se uma coisa dessas, o apoio político e prático do CDS e do Bloco, mataria, à partida a sua já tão frágil condição e com a qual se apresentam, a de independentes, para logo se transformarem em elementos de uma coligação, ainda que não formal, ainda que sem emblema, ainda que sem programa consistente, visto que tal não seria possível. E já agora pergunta-se se se pode considerar independente quem quer e não quem é: afinal, os partidos, que parecem tão bons para lançar carreiras políticas, tornam-se empecilhos para o estrelato de quem já se considera com condições de voar sozinho mas já são bons para dar a material que há-de servir para construir o novo ninho das aves assim tão raras que enjeitaram o pássaro que os chocou?
Além disso, considero este tipo de candidaturas antidemocráticas, como depois explicarei.

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