Lido aqui.
Vítor Bento, que já no passado Outono se manifestava contra a subida do salário mínimo, prescreve um congelamento ou mesmo redução dos salários como forma de Portugal escapar à crise. Parece piada... Num contexto de crise internacional profunda, com a procura internacional deprimida, é irresponsável avançar com este tipo de proposta. Porque não tenhamos ilusões, quando Vítor Bento fala de redução de salários, está a falar dos miseráveis salários pagos pelos grandes exportadores nacionais, como é o sector têxtil. Já nem discuto a relação subjacente, no mínimo discutível, entre custos salariais e competitividade de uma economia. Também não quero discutir a imoralidade de pedir tal ajustamento a quem ganha 500 ou 600 euros por mês no país mais desigual da Europa Ocidental. O que me parece evidente é que qualquer redução dos salários em Portugal teria como efeito imediato a redução da procura interna, única variável que, no presente, consegue ainda suavizar um pouco a abrupta queda das nossas exportações. Se esta crise, a maior desde 1929, já é grave, mais terrível se tornaria. O que precisamos é, pelo contrário, um combate à desigualdades efectivo que valorize os piores rendimentos e dinamize a procura.
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