sexta-feira, 18 de abril de 2008

A PALAVRA DO CHEFE DE ESTADO




Quando o Presidente da República chegou à Madeira, do ponto de vista da semântica política, Cavaco Silva e Alberto João Jardim estavam em pólos opostos, por via das declarações do líder social-democrata. Ora, essa era uma situação incómoda para o Presidente da República que, enquanto tal, não pode senão situar-se noutro plano. Tanto mais, que um dos protagonistas é Presidente da República e o outro Presidente do Governo.
Contudo, com o decorrer do processo e o exercício dos diferentes actores políticos, igualando-se na verbo e na atitude, e não falo de graus mas de geometria política, o Chefe de Estado foi sendo recolocado no lugar que lhe é próprio, o que lhe permite agir sem se envolver. Ou seja, Cavaco Silva pode agora, confortavelmente, e acima das partes, fazer o discurso institucional de apelo às responsabilidades dos agentes políticos sem ter de situar-se, como não lhe convém, em qualquer dos campos envolvidos na normal disputa político-partidária. Com, reconheça-se, o contributo da Oposição. Resta saber se por estratégia política consciente se por falta de perícia política. Contudo, e mais uma vez, depois disto tudo, Alberto João Jardim sai do isolamento em que se havia colocado no início de todo este processo. Com ajuda de quem?
Uma coisa é certa, não podem os partidos da oposição nem a nível nacional nem a nível regional pedir ao Chefe de Estado que cubra as suas insuficiências. E essa tem sido uma tentação em que constantemente têm caído. Agora e no passado.

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