domingo, 2 de agosto de 2009

O CARTAZ DO PS À ASSEMBLEIA DA REPÚBICA TEM UM SÓ ROSTO. FAZ SENTIDO? JULGO QUE NÃO

É a primeira vez que me recordo de, numas eleições para a Assembleia da República, o cartaz do Partido Socialista ter apenas o rosto do número um da lista. Pode a seguir vir o cartaz com todos os efectivos da candidatura mas o sinal está dado. E qual o sinal? Isso é o que eu gostava de saber. Dos outros partidos, apenas o PP tem como cartaz o seu cabeça de lista. Mas até se compreende, posto que contradiga a noção de candidatura de lista: é que o PP, que, neste momento, não tem nenhum deputado à AR, só uma vez o teve, assume que quer eleger um deputado, e isso é uma demonstração de força. No caso do PS, um cartaz com uma só pessoa, além de eventualmente causar ruído na mensagem, havendo uma cartaz, no Funchal, com o candidato a Presidente de Câmara, pode ter uma leitura perigosa para o partido, que é de poder parecer que está a assumir implicitamente que quer eleger ou só pode eleger aquele candidato. E então, os outros? 2 deputados, 3 deputados ou apenas 1, é essa a questão. O Dr. Bernardo Trindade é um bom candidato, mas já vai sendo tempo de o partido e ele assumir que não tem ainda idade nem dimensão política para o partido se submeter de uma forma acrítica aos seus ditames, e não digo que é isso que está a acontecer, e reconheço até que a culpa não é exclusivamente dele. Pergunta-se ainda qual a mais-valia de Luís Miguel França, Isabel Sena Lino e Orlando Fernandes se este primeiro cartaz é unipessoal? Nada me move contra o meu camarada Bernardo Trindade, mas, em primeiro lugar, receio que o partido e os seus órgãos estejam a dar sinais e mensagens para o exterior que só servem o adversário, (E esta postagem não está? Não, não está: é preciso que os eleitores saibam que há no PS quem não acate nem se submeta, e não sou só eu, posso garantir); segundo, enquanto partido, o PS-M, é de esquerda e é socialista, e não é curial que alguns, para além dos méritos pessoais inegáveis, sejam reverenciado não apenas pela questão política - e não faltam personalidades no PS de inegável capacidade e competência política, além de contributos dados ao partido, e a quem não foram dadas oportunidades cujos reflexos mais do que as beneficiar seriam ó(p)timos para o partido – sejam ainda, num partido de esquerda (há coisas que, de tão óbvias, são esquecidas, e convém lembrar) pesadas questões que transbordam o âmbito da política. Não me deixei nem nunca me deixarei pasmar. E estou particularmente à vontade porque cheguei, como então dirigente do PS, a procurar Bernardo Trindade e a perguntar-lhe se não estaria disposto a apresentar uma candidatura à liderança do Partido. Até porque não aceito que se repita com Bernardo Trindade o mesmo que se passou com António Trindade: uma sombra que pairou sobre todas as lideranças do PS, que as fragilizou e que as tornou sempre efémeras. Sendo ainda mais claro: o Dr Bernardo Trindade é um bom candidato à República, foi um bom Secretário de Estado, também para a Madeira mas não tem, no actual contexto, as condições que considero indispensável para liderar o PS. Também não é isso que, neste momento, está em causa.

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