"Em Portugal, quando uma pessoa se dirige a alguém que possui título profissional ou exerce determinado cargo, costuma fazer-se acompanhar as formas o senhor e a senhora da menção do respectivo ou cargo: o senhor[:]doutor, engenheiro, capitão, ministro, presidente" (Lindley Cintra).
Um casos concreto: partidos de esquerda, o tratamento não pode deixar de derivar de três coisas: questão da intimidade pessoal entre os seus membros, tu, vc, senhor; questão política: tratam-se todos por camarada, ou por tu, em Portugal, por você no Brasil, mas esse tu (Portugal) e você no Brasil, quando em reuniões formais, pressupõe que seja precedido de camarada - Camarada Carlos, tu disseste... (Portugal) ou Camarada Carlos, você disse - senão remete para um tratamento pessoal, que pode ser desrespeitoso, ou por questões institucionais ou por falta de proximidade pessoal - afinal, ser de esquerda não implica desconsideração, como pode pensar a direita em relação à esquerda; questão institucional: por camarada Jerónimo ou camarada secretário-geral; ou por Secretário-Geral, ou camarada Sócrates; ou Presidente ou camarada João Carlos; não pode é dirigir-se ao Secretário-Geral ou Presidente, sem intimidade pessoal, e tratá-lo por você, e tu, sem ser precidido do vocativo camarada, porque isso desliza do campo político para o campo pessoal e não político. E, pode, subtilmente, induzir discordância política que se pretende esconder no tratamento pessoal, o que é de repudiar absolutamente.
(Cf. Nova Gramática do Português Contemporâneo, Celso Cunha e Lindley Cintra, 3ª. edição, 1986, pgs. 293/294 e seguintes.
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