sábado, 6 de novembro de 2010

ALBERTO JOÃO JARDIM: O diagnóstico está feito, a hora é de terapêutica

Portugal, nos seus quase nove séculos, foi consolidado pela vontade de independência nacional do Povo português e teve na Igreja Católica, nas Forças Armadas e na Universidade, as Instituições fundamentais que moldaram liderantemente a Pátria que hoje somos.
Ao longo dos séculos, Portugal foi assim se organizando e se ordenando sob diversas formas de Estado, umas vezes mais felizes e adequadas, outras menos.
A História demonstra que os tempos que foram melhores para os Portugueses, coincidem sempre com a ousadia que o Povo foi capaz de revelar e com o empenho de que as élites patrióticas souberam responsavelmente dar provas. A ousadia, o empenho e a responsabilidade que conduziram, sem temores comodistas, às mudanças nacionais que os respetivos contextos inequivocamente exigiam.
Como também elementarmente se retira da análise histórica, que os nossos tempos piores como Nação, acontecem quando a desinformação do Povo, a apatia das élites e o apagamento através do conformismo deixam medrar modelos de Estado que não são capazes de responder ao Interesse Nacional.
Ao longo da História de Portugal, felizmente que as nossas Forças Armadas, o “povo em armas”, souberam desempenhar a respetiva Missão, até mesmo nos diversos momentos em que a incompetência de políticos e a respetiva inadequação do modelo de Estado, comprometeram os sacrifícios exigidos e assumidos.
Hoje, felizmente que Portugal vive em paz democrática, no conceito restrito de esta ser a ausência de guerra, pese embora o modelo de Estado sobrevivente. E a par deste modo de estabilidade, as Forças Armadas Portuguesas, nos limites materiais a que estão discutivelmente cingidas, cumprem brilhantemente as missões que os compromissos internacionais de Portugal exigem.
Neste quadro, o Instituto de Defesa Nacional vem desenvolvendo uma série de iniciativas, nomeadamente cursos, destinados à formação em áreas essenciais da vida cívica nacional, nomeadamente nas áreas da cultura geopolítica e geoestratégica, preparando assim élites portuguesas no conceito global de Defesa que, como se sabe, não se limita às questões militares e militarizadas.
Tal como, acrescento, o conceito de Segurança é uno, não há dois tipos de segurança, a interna e a externa, evidência que até a inevitável globalização bem fundamenta.
Estas iniciativas do Instituto de Defesa Nacional são um caso exemplar de formação das élites de que Portugal tanto necessita, e que só não tem ainda expressão quotidiana mais sensível, porque as modernas técnicas de propaganda nem sempre permitem que se distinga os melhores, nem a repercussão substancial dos Princípios tratados e desenvolvidos com rigor.
Agora, e em boa hora, decidiu o Instituto de Defesa Nacional, para além da sempre participação nos cursos anteriores de cidadãos madeirenses, realizar também um curso sediado na Região Autónoma da Madeira, o que o Governo Regional muito agradece e deu o seu entusiasmo e colaboração desde a primeira hora.
Não é lugar, aqui, para se estigmatizar a situação a que o modelo actual de Estado trouxe os Portugueses.
Enquanto que simbologias e iconografias políticas, acompanhadas das respetivas práticas iniciáticas, nos fazem viver sob propagandas que pretendem acomodar os Portugueses a uma ilusória e falsa protecção pequeno-burguesa do Estado, em vez de se incentivar mais iniciativa e maior produtividade, olhamos tristemente, mas não desmoralizados, nem vencidos, a situação de Portugal ter sido o país que, no mundo, está em terceiro lugar nos menores crescimentos económicos da última década, piores só a Itália e o Haiti. E não falarei das previsões para os próximos tempos, são de todos conhecidas, sobretudo até pelos sempre passivamente conformados.
E se chegámos a isto, não foi porque o Instituto de Defesa Nacional, ao longo dos anos, nos seus estudos, debates e diagnósticos, não fizesse um esforço profundo para preparar e motivar as élites nacionais.
Ao se iniciar o presente curso na Região Autónoma da Madeira, creio se colocar um novo desafio.
Os diagnósticos, ainda que tantas vezes por outros propositadamente esquecidos ou omitidos, tais diagnósticos foram e estão feitos, com a profundidade e a verdade que todos os Portugueses de Bem reconhecem.
Agora, é hora de terapêutica.
E será por este caminho que o Governo Regional da Madeira põe toda a esperança no decorrer dos Vossos Trabalhos.

* Discurso proferido na abertura do curso do Instituto de Defesa Nacional, a decorrer na Madeira

Nenhum comentário: